O Comitê de Política Monetária (Copom) optou por uma redução de meio ponto percentual nas taxas de juros, fixando-as em 12,75% ao ano, no dia 20 deste mês. Esta ação marcou a segunda diminuição consecutiva da taxa Selic e estava amplamente prevista pelo mercado financeiro. Ao contrário das últimas reuniões, os membros do Banco Central (BC) não enfrentaram pressões por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros membros da equipe econômica em relação à decisão tomada.
Os integrantes do Copom também indicaram que, na próxima reunião agendada para os dias 31 de outubro e 1º de novembro, é provável que ocorra outra redução de meio ponto percentual. O comitê explicou que o processo de desaceleração da inflação em curso, bem como a definição das metas de inflação para os próximos anos, favoreceram a diminuição das taxas de juros.
“Se as condições previstas se concretizarem, os membros do Comitê estão unidos na expectativa de que futuras reduções de igual magnitude ocorrerão nas próximas reuniões, e acreditam que esse é o ritmo adequado para sustentar a política monetária restritiva necessária para o processo de redução da inflação. O Copom enfatiza ainda que a extensão total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da inflação, especialmente dos elementos mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, particularmente as de longo prazo, das projeções de inflação, da folga econômica e do perfil de riscos”, declarou o BC em um comunicado após a reunião do Copom.
Conforme relatado pela EXAME, o Tesouro Nacional tem a perspectiva de alcançar uma economia de R$ 309,5 bilhões nas despesas relacionadas à dívida pública até o final de 2024, graças à diminuição da taxa Selic. Dentro desse montante, é previsto que R$ 45,1 bilhões deixem de ser gastos caso os juros terminem o ano em 11,75% ao ano.
No término do ano seguinte, quando a taxa estiver em 9,5% ao ano, o governo estima uma economia adicional de R$ 264,4 bilhões. Essa projeção foi feita pelo estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal.
A incerteza entre os analistas e todos os observadores atentos à política econômica gira em torno do comportamento da autoridade monetária a partir de 2024, quando serão nomeados mais dois membros pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No mercado, as expectativas têm se inclinado para a possibilidade de que os cortes nas taxas de juros se encerrem em 2023, com a taxa em 11,75% ao ano, acompanhados de três cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual. Houve também uma discussão inicial sobre a possibilidade de acelerar o ritmo para 0,75 ponto percentual, mas essa ideia perdeu força. No entanto, para o ano de 2024, ainda não há clareza sobre a estratégia que o Banco Central adotará.
Quanto à taxa Selic atual, o Copom a reduziu em 0,5 ponto percentual, fixando-a em 12,75% ao ano.
A taxa Selic é a taxa de referência para juros no Brasil, influenciando todas as outras taxas, tanto para empréstimos quanto para investimentos. Ela desempenha um papel crucial para aqueles que buscam empréstimos ou fazem investimentos em instituições financeiras. O Banco Central utiliza a taxa Selic para guiar suas operações no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde ocorrem transações de títulos públicos.
O nome “Selic” se refere ao sistema usado para negociar títulos públicos no BC, que envolve empréstimos de curto prazo entre instituições, garantidos por esses títulos.
Quando a taxa Selic diminui, a tendência é que os custos para contrair empréstimos e realizar investimentos na economia real se reduzam, o que faz parte das medidas de política monetária adotadas pelo Banco Central para combater a inflação e estabilizar a economia do país.